O Aeroporto de Congonhas, criado em 1936 em função das constantes cheias do Rio Tiete que atingia o Aeroporto de Campo de Marte, trouxe para a região grande desenvolvimento urbano nas décadas seguintes. O terreno escolhido era afastado da cidade, livre de obstáculos na época.
{entorno antes da construção}
Após a construção do aeroporto seu entorno cresceu e se valorizou, provocando o surgimento de bairros bastante populosos. Já era o inicio do problema enfrentado hoje pelo Aeroporto de Congonhas. Todas as reformas e crescimento do aeroporto fez o mesmo se tornar opção de lazer da população, de maneira que os moradores o frequentavam a fim de se entreter com os serviços oferecidos pela estrutura, como por exemplo lanchonetes, engraxates, e também, com o espetáculo que a aviação trazia no céu da região, além de ser ponto de encontro de várias personalidades importantes. Teresa Ribeiro cita em seu artigo publicado para o Jornal Estadão de São Paulo (2007):
A revista Manchete, uma das principais publicações da época, destacava o papel do aeroporto como ponto de encontro não só de políticos em trânsito como Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, como de todo tipo de pessoas, desde astros de Hollywood, como Marlene Dietrich, os seringueiros do Amazonas, da rainha Elizabeth da Inglaterra aos reis nacionais: Pelé, do futebol, e Roberto Carlos, do iê-iê-iê.
Devido às transformações do entorno aeroportuário, e às reclamações da população que ali residia, o Departamento de Aviação civil restringiu em 1976 as operações, pois o contingente de moradores cresceu e a aviação passou de espetáculo a incomodo para a população. O funcionamento do aeroporto passou a ser das 6h às 23h a fim de diminuir o grande movimento de aeronaves e consequentemente o ruído aeronáutico e a poluição. Este horário de funcionamento se perdura até os dias de hoje.
{evolução urbana do entorno depois da construção}
Ao mesmo tempo, a cidade de São Paulo tem seu crescimento demográfico numa taxa de 3,7% ao ano, consequência do deslocamento da população interiorana para a capital em fase de crescimento. No entorno aeroportuário, o adensamento urbano passa a ser vertical, uma vez que já não tem mais como crescer horizontalmente. A área sofre especulações imobiliárias tanto no setor comercial quanto no residencial, edificações elevadas surgem dando espaço a um cenário onde o sítio aeroportuário é envolvido por uma moldura de obstáculos de concreto.
{entorno aeroportuário hoje – em meio ao adensamento urbano, um espaço ‘vazio’ constitui o sítio aeroportuário}
O Aeroporto de Congonhas ajuda a mover grandes atividades econômicas na cidade de São Paulo, e é de extrema importância para tal, devido sua proximidade do centro econômico e a maior facilidade de se deslocar para o mesmo. Em contrapartida, é um aeroporto inserido num contexto de bairros essencialmente residenciais, e seu funcionamento interfere na vida cotidiana da população aumentando ruído aeronáutico, poluição, desconforto térmico, além de seu entorno interferir nas operações das aeronaves, e impossibilitar a instalação de certos equipamentos que auxiliem a navegação do piloto.
É um exemplo de cidade que cresceu em função, ou por conta da movimentação aeroportuária.
{Texto adaptado e extraído do Trabalho de Graduação:
“Diagnóstico dos Impactos entre Meio Urbano e Aeroporto”}